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quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

O dia em que me tornei Judeu.

O dia em que me tornei Judeu.
Tudo começou com uma simples ida ao Ortopedista com uma dorzinha nas costas.
Pediu-me uma radiografia que revelou uma “alteração de textura na vértebra L4.” Daí para frente meu destino mudou.
Após inúmeros exames que nunca diagnosticavam o problema se era maligno ou benigno e eu aqui nessa expectativa. Finalmente, um médico de grande conhecimento, que eu faço questão de citar o nome, Dr. Marco Túlio, categoricamente demonstrou que era uma doença benigna e que o organismo “consertaria o problema sozinho” como está ocorrendo.
Muitos “quebraram a cabeça” querendo saber de onde vinha a doença, pois sempre era de causa genética e eu não me encaixava nesse perfil, até que a uma médica, Sara Krasilcic, iluminou a tal causa que estava escondida na poeira dos séculos.
-“Paulo”,  disse-me ela, você me relatou que seu antepassado veio da Holanda com Maurício de Nassau e se fixou no nordeste do Brasil, não é?
Falei que sim. Coisas do século XVII.
- “A sua mãe, que também nasceu no Nordeste, tem a sua doença igualmente em forma muito branda e ninguém descobriu", falou-me depois de examiná-la. Você herdou dela”. É genética”.
Então veio uma revelação forte.
A Dra. Sara afirmou: “Quem tem essa doença eram os judeus europeus e o seu avô do seu bisavô, justamente o que veio da Europa com os Holandeses, era judeu e você com esse nome de cristão novo: “Pinheiro”, tem origens judaicas no nome e na genética”. Ponto final.
Tinha enorme lógica. Éramos judeus e a inquisição converteu-nos no catolicismo e nos tornamos católicos. A prova no nome poderia ser duvidosa, mas a prova genética era fortíssima.
Acordei no outro dia, surpreso, pois trazia séculos da história da humanidade dentro de mim. Eu era  produto de milhares de anos de conflitos religiosos, de guerras, de tréguas, de paz e tudo no meu mundo interno!
Nessa mesma manhã eu parecia um ET.
Recordei que minha família tinha um passado “aparentemente estranho”: O meu avô, na hora da morte, colocou para fora do quarto o padre que veio dar-lhe “extrema unção”. Ele não era católico. Forte esse fato  em 1920, não? Não era tampouco judeu. Era um ser muito bom que eu garanto que não está em inferno algum. Gostei da valentia dele. Inédito na época.
Além do mais, minha mãe, eu observei desde pequeno , mesmo meu pai sendo católico, nunca entrou numa igreja nem cristã e nem judaica, mas amava a um Deus fora e acima das religiões.
Comecei a gostar dessa história toda porque lembrei que nunca fiz distinção religiosa entre as pessoas e me dava bem com judeus e católicos e senti que eles percebiam isso, mesmo sabendo que eu não era tão religioso assim.
É bem sabido que o inferno de uma religião está preenchido com seres da outra religião e vice versa. É a tal hipocrisia humana: “Respeitem a religião alheia”. Mentira.
Como eu não era de nenhuma, dava-me bem com todas.
A confusão secular dentro de mim só me fez pensar numa coisa: Deus existe desde tempos imemoriais quando não existia religiões alguma na face do planeta.
Por ironia do destino, ora sendo judeu, ora católico, terminei como Baruk Spinoza, pois com essa minha história, seria excomungado nas duas religiões como ele foi.
Nessas idas e vindas, com a história secular fervendo dentro de mim, veio-me um visão muito clara: Os deuses das religiões não podem causar a separatividade dos homens como inegavelmente vem ocorrendo. Eu fui testemunha, “direi ocular”, desse acontecimento. Então tenho o direito de falar categoricamente.
Concluí que,  acima de tudo, de tudo mesmo que você está pensando leitor,  existe o Deus do eterno, da imensidão, da sabedoria e do amor.
Só assim então veremos a verdadeira paz.

Paulo R P Menezes 

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