Peguei
o táxi e entramos no congestionamento de São Paulo.
Após aqueles entendimentos iniciais seguimos o
caminho que lhe indiquei.
No
meio do trajeto onde eu e o taxista mantínhamos uma conversa amena, ele me
contou com certa reserva:
-“
O senhor sabe...nesse caminho que estamos fazendo tem uma escola...”
-“Sei”...e
esperei ele continuar.
“
Há uma semana uma moça com suas filhas pegou esse táxi nesse colégio e esqueceram uma malinha e tem o nome da
criança...ela deve ter uns 5 anos.”
“E
então?...
“Nós
iremos passar na frente dessa mesma escola e isso está me incomodando”... “O
Senhor se importaria de perdermos um tempo e pararmos lá? “Sei que o trânsito
está infernal ...nem sei se vai dar para estacionar”...
“É
isso?”...Eu ajudo! (Não sei bem por que, mas achei importante)
“Pode ir para lá porque perdi completamente a
pressa”
A
lancheira era dessas que a menininha desenhou nela corações pintados de vermelho e estrelinhas coloridas em azul.
Algo assim. Coisas do fantástico e feliz mundo infantil. Nesse mundo ela vale ouro,
mas no mundo em geral seu valor em dinheiro é pequeno.
Sendo
de “ouro”, tínhamos que entregá-la à sua pequena dona.
Foi
difícil chegar no portão. Um guarda se aproximou e falei alto que tínhamos que
devolver algo esquecido no carro! Imediatamente ele abriu uma passagem e
começou a nos orientar. Devolver era
importante inclusive para o guarda! “Entra naquela fila”.
Os
porteiros e segurança da escola quando perceberam o ato do taxista tirando do
porta malas aquela maravilhosa lancheira (com a devolução o valor dela subiu
muito), sorriram felizes e a pegaram
com um cuidado especial porque
imaginaram a alegria da menininha quando a visse de novo.
Missão
cumprida!
Ficamos
felizes, seguimos e ocorreu um silêncio com uma emoção mútua.
“Qual
seu nome”?
“Jorge.”
O meu é Paulo Roberto”
“Jorge...o
fato que mais me deixa feliz é ver essas ações boas! Nem tudo está perdido!” A
lancheira é de pequeno valor, não importa...o ato em si é muito grande!
‘É
verdade Paulo” e relatou-me uma ajuda de um médico que lhe forçou a fazer um
exame que não queria realizar e hoje está ficando bom com quimioterapia.
Disse-me que o médico salvou sua vida. Aproveitei para lhe contar um bem que me
fizeram.
Nem
tudo está perdido, repeti de novo!
Nessa
conversa extremamente agradável chegamos e nem sentimos o congestionamento,
pelo contrário, ele parou o carro e seguimos realizando mais algumas reflexões
animadoras.
Antes
dele ir embora falei-lhe que tinha sido uma das melhores viagens de táxi que
fiz nos últimos tempos. Nos despedimos com um cumprimento de mãos, pois naquele
momento nos sentimos muito unidos.
Bati
uma foto dele e prometi divulgar esse fato bom que tanto bem nos faz num mundo
complicado em que vivemos onde sempre espalham o mal.
Saí pensando que
enquanto houver “Jorges,” Deus seguirá tendo a já imensa paciência com a humanidade,
nessa espera interminável para que as coisas girem para o bem, aqui nesse
planeta.
Paulo R P Menezes.