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domingo, 11 de janeiro de 2015

Nas fronteiras da realidade e da verdade.


Nas fronteiras da realidade e da verdade.

Eu vinha caminhando. Sentia-me bem. Tinha passado por lugares maravilhosos e por obstáculos muito difíceis de transpor quando, de repente, percebi à minha frente um abismo e a escuridão, aparentemente intransponíveis.
Recordo que atravessei pântanos e negras florestas. Logicamente  alguém me orientou. Não saberia sozinho encontrar essas paragens. Era uma vitória por um lado, mas como vim parar aqui?
Para explicar, tenho que voltar no tempo...não conseguiria dizer quanto. Sessenta anos? Um século? Dez?
Lá nos primórdios, a única coisa certa era se entrar nos “caminhos da vida” como bilhões de seres entram na Terra, transitar pelos mesmos e passando um tempo, sair...simplesmente.
Era inexorável. Entrei na vida e quando dei por mim, não gostei.
Eu tinha família e uma vida financeira boa. Com escolas e divertimentos, mas...
Envolvendo esse planeta havia um ambiente mental confuso e contraditório. Tirava minhas energias. Por trás de aparentes alegrias, vi muito desânimo. Em resumo: uma desorientação.
Minhas andanças, avançando no tempo, assemelhavam-se a um ser perdido no deserto, com sede e sem perspectivas, olhando para o horizonte sem fim.
Então, sem mais, após uma duna, vejo um ancião tranquilo, desses que pareciam ter centenas de séculos de vida. Milagre?
Como a minha situação não necessitava de explicações, deu-me logo um gole de água.
Líquido diferente. Como que, tão pouco restituiu minhas energias? Parei por momentos de sentir o calor infernal daquele local. Inacreditável.
Nosso entendimento foi rápido não necessitando de palavras.
- “Fale”! Solicitei sabendo que tinha muito mais por ser revelado.
- “Você pegou o caminho errado”. “As miragens que confundem a todos enganou-lhe também.”
“Será?”
“O Percurso é outro! É lindo!”. Expressou com convicção. “Está ainda oculto.”
Daí veio a surpresa: “ Você quer experimentar?”
Não titubeei e rapidamente quando olhei,  era como se tivéssemos voado. Estava em outro ambiente contemplando uma linda imensidão.
“Está vendo aí à frente? “É o que está invisível aos olhos da maioria”.
Aquela forte visão foi uma revelação para mim.
Passaram-se os tempos...

Foi assim que cheguei até aqui depois de uma interessante jornada. Nessa beira do abismo e escuridão agora.
O pântano e as negras florestas? Eram meus defeitos que teria que eliminar com objetivo de me fortalecer ao andar.
Os lugares que foram aparecendo cada vez mais encantadores? Era o Universo mesmo, a imensidão e o eterno ao quais ia me aproximando com meus méritos. Com os meus pés.
O novo obstáculo que é o abismo? Bem normal. São meus defeitos ainda.É para me recordar também do ancião que sabe o caminho e veio me guiando até aqui. Será mais uma dificuldade a ser superada com o tempo.
Esse trajeto magistral é similar à Cordilheira dos Andes e ao Himalaia que necessita-se de guia para serem transpostos “com vida.”
O que virá pela frente?  Se eu for me fortalecendo, vencendo meus defeitos, como vinha fazendo, que ainda perduram e são muitos, virá pela frente a maravilhosa imensidão, o fantástico, o eterno, a sabedoria...Deus? Lógico.O amor.
Quer mais?
 Assim termina a lenda sobre “O Caminho”...ou a história é real?

Paulo R P Menezes.

PS: Nessa jornada quanto mais se percorre, mais aparecem nossos defeitos que ficaram escondidos na poeira dos tempos e agora vêm à luz. É a oportunidade que temos de vê-los.


Para não cansar o leitor omiti certos aspectos da ajuda mútua que se aprende a prestar, do bem que se pode fazer enquanto se avança, etc, que serão inspirações para novos contos.